quinta-feira, 2 de julho de 2015

ode ao retorno

eu sempre perco a
l
 i
  n
 h
a
por isso,
não ouso
nem tentar.

eu sempre fui
de fazer poesia
mas nunca soube,
nem ao menos,
rimar.

tão pouco
construir
uma narrativa,
contando a
minha sina.

ouso me pôr
à caminhar,
à deriva,
sem querer
encontrar.
    [e ser encontrada

sem gente do avesso,
sem gente dourada.
nada novo de novo,
apenas uma caminhada.

apenas mais uma tragada,
apenas mais uma noite.
que não sobra quase nada,
de mim em mim.

não tem mais ninguém
pra pôr
nem mais ninguém
pra tirar

existe poeta se não se escreve?
existe artista sem produzir arte?
cadê a minha voz, meu grito rouco,
minha essência que antes não se escondia?
                      [alarmava.]

tomou-se dentro de mim, um tumor,
uma tristeza que não sacia.
um muro que nem mesmo
dez amores ousaram
tombar.

e vou lutando, à cada dia,
com a cicatriz da mente perdida.
do tempo perdido, da criatividade,
arrancada das minhas mãos.
[como uma mãe que chora pela perda de um filho]

tem muito a ser cantado,
eu até entraria e aceitaria um café
tentaria te contar o que se passou
mais por hábito do que por gosto.

tenho vivido sem consolação,
brindado sem motivo.
brincado, cantado e dançado, quando posso.
 esses são os luxos da vida.

meu coração é vagabundo
e vou sambando pelas esquinas
enquanto tom zé toca
em uma manhã numa rua escondida:

"tô te explicando pra te confundir,
tô te confundindo pra te esclarecer.
tô iluminado pra poder cegar,
tô ficando cego pra poder guiar.

(...)
atrás da vida pra poder morrer,
eu tô me despedindo pra poder voltar."

e vou deixando tudo isso,
cada vez mais,
para trás.

vou despedindo-me de cada um.
cumprimentando-os em mim mesma,
cuja a existência de cada um,
é como uma casa, onde merecidamente,
pertence-se.

e vou deixando-os
nesses batuques da vida
nesses ritmos cardíacos de Beethoven
nesse entrelaçamento quântico
que tanto fiquei e estraguei

[eu ainda amo todos aqueles por quem morri.]




sábado, 22 de novembro de 2014

Olá você que vai e volta.
Nesse carrossel incessante, bem em cima de um equídeo negro, 
Vem a Chapezinho, montada e enfeitada, em seu manto vermelho 
Sedento de sangue do próximo cavalheiro que baixar a guarda
Enternecida pelo seu inexpressivo rosto de anjo, 
Já tão acostumado a botá-los para dormir




você é um Deus que dança. 

segunda-feira, 10 de março de 2014

estava acostumada a perdoá-lo
assim como perdê-lo
tentar entender mesmo quando desdém
eu não sabia quanto tempo me restava

com e sem ele
e não sei porque tanto me importava
tinham quartas e domingos cinzentos,
solidões infinitas para me banhar.

na esperança de dizer e mal fazer
do que não se cumpre,
como uma promessa infiel
de fazer torto.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

fico me perguntando
desde quando
me tornei
entrei
entonei
esse ofício
precipício
desperdiço?

desperdiço
o riso,
esqueço
a razão
do grito.
enlouqueço.

me disfarço
como quem quer
um trago.
me figuro,
me embaço.

trago.
trazer?
te trago.
[e] nada.

nada
de ser.

quebram-me
o silêncio
com a televisão.

um sim.
um não.

um mim
sem mim.
Só.

trago,
me trago.
estrago.
quebrado...

mais um
trago.

não só o
eu.
não sou só
eu.

e me esqueço
que antes de tudo,
eu fui
eu.
Só.
nada mais...

sábado, 4 de janeiro de 2014

noite(s)

 página branca
 fica me encarando
 desde quando me levanto
 desde quando o sol canta

 cheia de mim mesma
 e de outros também,
 fugimos pronde o mar bate
 mas só quando o sol repousa
                                         [ e a noite
                                              vem.

 a caminho, passava pela sua rua,
 só para ver se estava em casa.
 te via pelo canto dos olhos
 você na varanda, imóvel

 e eu bêbada e chapada
querendo te amar e mais nada.
te ignorei como quem não quer nada
e fui dançar na folia pra lua encantada.

 alteradas demais
 para um mantra,
 cortejamos os cosmos
 com o nosso riso

 ríamos para as estrelas
 e elas ouviram as gargalhadas
 deitamos nos véus de grãos, de areia
 fiquei deitada imóvel, sentindo a praia.

 pela manhã,
 não tirava os olhos do céu,
 aquela donzela danada.
 que depois da via láctea,

 me presenteava,
 sete cores as seis da manhã
 e eu namorava a vida que é desvendada,
 meu lilás era o primeiro.

 foi com o verde que pude me emocionar.
"danada, mais o verde pra me presentear?"
 21 estrelas cadentes. minhas, naquela noite.
 tudo pelo som da nossa risada.

 sou milionária.
 mas isso é segredo.
 valor agregado,
 que carrego só no meu peito.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

cagada

uma cagada
por poesia
uma cagada
de vida

uma cagada
de paz
pra mim
uma cagada

pra fazer rima
e faço rima com o cagar
porque rima não tem-se hora
não se pertence

meu grito permanece
minha alma enobrece
meu riso entortesse
tão nova

e fodida
que uma cagada
serve pra fazer
rima.


segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

23h32

segunda feira, 30/12/2013


 
'24:45' Private Witt: [voice over] This great evil. Where does it come from? How'd it steal into the world? What seed, what root did it grow from? Who's doin' this? Who's killin' us? Robbing us of life and light. Mockin' us with the sight of what we might've known. Does our ruin benefit the earth? Does it help the grass to grow, the sun to shine? Is this darkness in you, too? Have you passed through this night?